8 de dezembro de 2009

"Mais um dia"... Um conto de abertura

Me desperto como quem acabado de ter um pesadelo, assustado. O primeiro impulso é de tentar respirar, mas nunca me vem ar, são alguns segundos de desespero e depois a verdade me vem à tona com todos os ruídos e pequenas nuances de cores que agora eu vislumbro.

Minha vida mudou completamente há exatos vinte anos, e desde então, eu ainda tenho que tomar decisões que me tiram toda maldita noite, um pouco do antigo eu. Levanto-me e as janelas se abrem ao sentido dos meus passos em sua direção, cada centavo investido atuando da melhor maneira para o meu prazer. Escuto passos no corredor e me concentro, sinto seu cheiro.

A porta se abre alguns segundos antes de eu me virar, é Sandra me trazendo o jantar pelas mãos com um sorriso no rosto. Ahh como eu adoro quando ela faz isso, assim tenho mais tempo para resolver todos os assuntos do dia que não vou ver, das reuniões que não vou participar e das pessoas com quem não vou falar.

Ela deixa o jantar na cama, e sai comentando q
ue vai me trazer os jornais do dia assim como a agenda da noite. Eficiente como sempre, linda eternamente!Bocejo, sorrio e espreguiço, afinal faz parte do charme de estar vivo não é? Então volto minha atenção para meu jantar tudo da maneira como mais gosto, proporções perfeitas até consigo sentir o cheiro de terra molhada e da cana de açúcar para ser cortada. O sabor de malicia dentro da inocência.

Caminho lentamente na direção dela e pergunto seu nome, não finjo ter vergonha em esconder meu corpo para ela, afinal de contas, ela sabe o motivo de estar aqui e faz muito tempo que descobriu que é muito mais vantajoso para ela do que pra mim! Ela se levanta rindo, me abraça e me chama de “painho”


- Maldita!

A abraço e pergunto sobre seu dia, andando em
direção do bar afim de um bom uísque me lembro muito bem da Justina reclamando que eu não encostei um dedo no Blue Label que me trouxe da última vez. Volto minha atenção para ela levando o uísque, dane-se para o fato dela ser muito nova para beber, afinal de contas o que pode acontecer comigo? Morrer? E ela vem andando, ou melhor, dançando e seus olhos claros iluminando os meus, seus cabelos ondulando ao sabor do vento me trazendo o cheiro de dinheiro bem investido e sua boca me lembrando o que está para acontecer.

Enquanto me visto Sandra entra no quarto e olha para o meu jantar ali deitada, sonhando algo que nunca saberei, ela a cobre e deixa ao seu lado o presente desta noite, algo que deve ter escolhido das sobras do que a dou. Entrega-me os jornais dobrados estrategicamente nas paginas que me chamariam mais atenção, assim como finge não notar que a olho com desejo, assim como eu finjo não notar que ela também me olha do mesmo modo.

Comenta que Lyon, antigo Gangrel da cidade marcou uma reunião no Caravela e que todos os cabeças estarão lá, sorrindo para ela pergunto se
quer ir dessa vez e me entregando o terno responde rindo, debochadamente que não.

Então eu escuto mais passos no corredor, mas não são quaisquer passos, são firmes, decididos, acompanhados do ruído do roçar do couro e dos penduricalhos de uma jaqueta de motoqueiro, sinto o cheiro de cereja juntamente com o suor do capacete e a gasolina de avião que maculou as botas que lhe dei no começo do mês.

E lá vamos nos para mais uma noite em Recife, ser Ca
pitão (como chamam o cargo de Xerife na diferenciada Recife) por aqui não será nada fácil...

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Um conto de: Jorge Emiliano Sereviano Mathias, Ventrue de Nova Roma
Personagem criado por Denilson de Paula em Agosto de 2007

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"... Quando fiquei mais velho pude iniciar no projeto e desde então venho acompanhando e jogando sempre que possível. O mais interessante do projeto é a diversão, e aumentar o ciclo de amizades!..."
- Denilson de Paula


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