1 de fevereiro de 2010

A Golconda – Um Conto Gangrel [Convidado]



A Besta é o monstro que parasita nossas almas amaldiçoadas, presa em nossas entranhas borrando de negro o nosso coração que um dia fora humano e tornando-nos m
ais parecidos com os vampiros que você está habituado a ler nos contos. É dela que vêm os nossos dons, a nossa beleza sobrenatural, que encanta a tantos, e as nossas restrições. Um conjunto maldições que nos impede de sair a luz do dia, que nos faz dormir quando não é noite, que nos priva dos sabores da vida condenando-nos as obreviver como vermes sugadores de sangue.

A Besta também é responsável por impedir a nossa autodestruição, muitas vezes optada pelo cansaço da “não-vida”, sempre vigiando nossos passos, julgando-nos. Decisões perversas a alimenta como a uma criatura enjaulada que come a carne dada pelo seu criador, e, de forma inversa, as decisões humanas enfraquecem-na.

Eu pertenço ao inferno e para qualquer lugar que eu for ainda estarei nele. A Besta era o Diabo. Os meus deslizes com ela deixavam marcas e eu estava começando a ficar cheio delas...

Há um meio de acabar com tudo isso e seu nome é Adriano Andreotti.

A primeira vez que me falaram de Andreotti eu pensei que fosse mais uma daquelas histórias que contam para os mais novos tirarem algo produtivo, mas talvez pelo meu desespero de encontrar uma cura para essa minha condição tenha me levado a acreditar nos contos do clã Gangrel. E as histórias eram de fato verdadeiras. Ele é um dos mais velhos vampiros de meu clã de que se tem notícia. Contam que Andreotti respirava no dia em que Cristo fora pregado na cruz. Ele foi abraçado por nossa família e ficou desaparecido por muitos séculos, buscando o perdão, visitou todos os lugares sagrados à procura de segredos que o levasse a salvação.

Adriano sabe sobre a Golconda muito mais do que qualquer outro Gangrel. Uma utopia cainita que me fez procurá-lo por alguns séculos e descobrir seu paradeiro em Itamaracá. Olhei embaixo de cada pedrinha da praia, deixei evidências de que queria encontrá-lo, mas seu rastro desapareceu novamente e se esvaiu como água por entre os dedos.

O perdão divino não é algo fácil de compreender. Não é como ir a uma igreja e pedir clemência por ter violado algum dos dez mandamentos ou por ter cometido um dos sete pecados capitais. Ser um vampiro, um amaldiçoado é o suficiente para nos ser negado o céu mesmo sem nunca termos pecado, estando condenado a vagar eternamente como morto-vivos sem pertencer a lugar algum. Fazer deste lugar um inferno é o nosso ofício, mas são nossas escolhas que definirão para onde iremos quando chegar o juízo final. Isto é o perdão. Fazer diferente do que nossa natureza nos manda. Andar ao lado da humanidade e não contra ela. È a penitência que devemos pagar para alcançar o perdão e um alívio em saber que não mais carregaremos a falha das gerações anteriores em nossos ombros.

Embora eu conseguisse me manter no caminho para a Golconda ainda faltava alguma coisa, o que tornou o meu encontro com Andreotti tão necessário. Lembro do que Sartori me respondeu em séculos atrás quando o questionei sobre o assunto: “Golconda? Fala-se muito e sabe-se pouco.”.

Não ajudou muito.

Lyon convocou os Gangrel de Pernambuco em nome de Adriano Andreotti para expulsar invasores lupinos do Horto de Dois Irmãos. Pensei que pudesse não ser verdade, o ancião Gangrel seria apenas mais uma lenda para assustar os novatos ou para impressionar um imbecil como eu. Além do mais, eu tinha bastante roupa suja para lavar em Petrolina, lugar que posso chamar de lar.

Que azar o meu! O desgraçado realmente existe e resolveu de aparecer quando eu não estava mais em Recife.

Seria essa mais uma de minhas maldições? Não saber a verdade sobre o Perdão. Por algum tempo eu pensei que não teria uma nova chance de estar cara a cara com o ancião.

Viajei o mais depressa que minhas asas de carcará podiam me levar, mas ele desaparecera novamente sem deixar rastros. Com a ajuda de Lyon e outros Gangrel do Horto espalhamos recados por entre os animais com o dom de Animalismo. Então esperei por alguns meses, mas não fui respondido.

O desânimo de mais uma falha quase me fez sucumbir a Besta e assim destruir o que havia construído. Uma gangrena que consome a todos nós. A idade começava a pesar e estava evidente a criatura sem consciência na qual me transformaria.

É incrível como as coisas mudam de curso quando tudo está próximo de desabar. A melhor notícia que recebi nesta “não-vida” veio de um rival.

Davi Falcão é um Gangrel idiota que se acha maior do que realmente é e fala como um aristocrata Ventrue esnobe. Ele deu a notícia de que o Encontro sazonal do clã, que Uller havia programado e fora adiado por conta das perseguições da Camarilla, está novamente marcado e Adriano Andreotti estará presente.

Finalmente uma chance...

Logo eu saberei o segredo da Golconda e então poderei estar novamente com ela... Minha querida Claudia...

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Um conto de Carcará, Gangrel de Nova Byzantium
Personagem criado por Arthur Granja em Janeiro de 2009

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“Conheci o PEBN pela net e junto com uns amigos resolvemos participar. Entrei em Janeiro de 2008. Conheci a galera do clube que é super gente fina e fiz amizades de se levar pra vida inteira...”
- Arthur Granja

Arthur: hunter_linkin_park@hotmail.com

Carcará: gangrel.carcara@yahoo.com.br


Para ver uma entrevista com o Arthur e saber mais sobre seu personagem baixe aqui seu conto.